quinta-feira, 8 de julho de 2021

Palácio de Alhambra



Na janela do quarto
passam nuvens 
o sol empurrado pelo vento
escolhe as folhas da romãzeira
estranhas jóias da tarde morna
suas flores avermelhadas desposam os beija- flores
e se encontram sempre às escondidas com as borboletas
os  frutos possuem a vontade cheia da mulher feita
que ao longe exala despudores e seios fartos.
Por que amar
se um segundo  lhe traz rios encantadores e quentes?
Uma mulher que na própria vida fortalece e recria
sentidos para sentimentos
deseja- se plena do silêncio de Granada.


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Qual a ponte entre um corpo e a poesia?




Não ao caótico vazio dissimulado
qual a ponte entre meu corpo e a poética?
Procuro a fusão dos vários sentimentos e a alegoria das fantasias
                                    ...mas não cabe ao homem a poética e muito menos aos meninos
- Procura taciturna e vulgar, minha cara!
Olho as colunas, os velhos bancos com marcas dos pedidos ensandecidos
e os homens que ao  sinal da cruz abaixam a cabeça
Vai homem, diga os seus pedidos
Não lhe resta nada
Na saída da igreja Metropolitana  de Buenos Aires
Uma menina escondida sob o cobertor
Sua mãe deixa a mão a pedir esmolas
e a cabeça pendurada - um pêndulo entrecortado pelos olhares vis.


( Deixei a Partita N 2 In C Menor, BWV 826:4 Sarabande Bach  com a Martha Argerich ao longe)

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Olhar cego

O olhar cego descobre-se
nos mergulhos imensos silentes
Na velha ilha de São Miguel
Larguei um coração

As memórias ganharam o farol.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Buenos Aires, chuva de 2015 e um sapato de acetato

Chuva portenha na janela
parece balela
mas a  bela de pele canela
pobre donzela
olha com cautela
a fivela amarela do sapato de acetato do belo beato,
um caricato quase cordato,
mas grato ao brilho do feldspato.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Gotas de chuva, sonhos enluarados

Largo o bordado,
Agarro o rosário
Sempre calmo descansa sobre  o espelho
Acorda as minhas sombras
O sol se espalha sobre o  colo
Pelas pequenas gotas de luz
O tempo se vai
Como botes calmos  no meu rio de lanternas acesas.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Olhar


No tempo alinear
entrego ao meu caos
uma alma
sem estepes, mares ou rios
viva, sem ditames
somente o envolvimento
profundo com o universal
encontro  o silencio

No olhar.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

o berro de Deus

Embrulho seu olhar
debulho meu coração
dou às horas o silêncio do oratório
Peço, peço, peço
E Deus berra assim- Não, não , naão!!!!